sexta-feira, 17 de abril de 2015

Mãe, obrigada por não ter criado uma princesa.

Desta vez, texto alheio, mas me define em alguns sentidos...


Por Maria Gabriela Verediano, em Obvious

        "Mãe, a vida tem compromissos urgentes e sérios. Obrigada por ter me avisado e me mostrado cada um deles. Obrigada por não ter omitido de mim as durezas do mundo. Obrigada por não ter me protegido. Você preferiu as hipérboles do que os eufemismos. Sempre te achei exagerada. Dramática. Eu sei que não foi fácil para você assistir cada queda, cada erro meu. Sei que eu quis te culpar por não ser como as outras mães que afagavam as filhas. Você foi forte. Você me deixava chorar sozinha e depois passava Merthiolate. Merthiolate ardia “pra caramba”, mãe. Você dizia que se eu esperneasse era pior. Ainda posso ouvir você me dizer isso. Até hoje, se eu espernear é pior. A vida é um grande levanta-e-cai. Mãe, obrigada por não ter montado um quarto cor de rosa para mim. Obrigada por não construir um castelo ilusório ao meu redor.

      Obrigada por ter comprado mais pares de livros do que pares de brinquedos. Obrigada por me mostrar que o pão custava muito, que precisava diminuir o tempo no banho para economizar energia. A vida tem um custo alto, mãe. Ainda bem que você não criou uma princesa. Eu não saberia fritar um ovo, miojo seria meu prato principal. Ainda bem que você não sustentou nenhuma vaidade, porque me fez ver que eu era maior que isso.

       Você me criou para o mundo, e este, o mundo real, não poupa as princesas. Obrigada por não ter me criado para esperar o príncipe do cavalo branco que resolveria todas as minhas aflições. A vida quer da gente é peito aberto, coragem e a cara para bater. Mãe, minha cara está dormente, mas não desisto não. Eu tropeço tantas vezes e tantas me reequilibro de novo. Mãe, eu mato a barata com medo mesmo. Eu desafio a esfinge com medo mesmo. Eu encaro o dragão com medo mesmo. Do jeito que sei e posso. O que não posso, mãe, é negar você três vezes. Negar o que você me ensinou. Obrigada por não ter criado uma princesa."

terça-feira, 10 de março de 2015

Como é por dentro outra pessoa.

Como é por dentro outra pessoa
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Com que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.

Nada sabemos da alma
Senão da nossa;
As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras,
Com a suposição de qualquer semelhança
No fundo.

Fernando Pessoa 

Recebi esse poema no último dia de aula de uma professora. Com a mensagem de que para encantarmos, emocionarmos, divertirmos e impactarmos a alma do outro, primeiramente devemos conhecer a Nossa!

E tu? Conheces bem a ti mesmo?

https://www.youtube.com/watch?v=pZ3cTwI9bIw

Como alguém diz...eu sou uma "meninona". E gosto sim, da Zooey Deschanel.
"Nunca deixar a criança que existe em nós." 

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014



         Isto é muito válido. Observar enquanto todos estão falando ou querendo se manifestar de alguma forma. Quem nunca falou o que não deveria e teve aquele momento de "eu deveria ter ficado quieto"? A partir do momento em que se observa mais do que se fala, percebe-se que o mundo deveria ficar mais quietinho também. Afinal, tem muita besteira sendo dita, e muita poluição visual sendo lida.
       As mídias sociais se tornaram amplos lugares de poluição visual, por exemplo. E de manifestações de emoções principalmente: alegria, gratidão, angústia, tristeza e solidão. Demonstrações de afetividade do século XXI. E pensando nisso... observando as emoções das pessoas, tanto em seus olhos como em suas palavras, pode-se dizer que observar seja uma das melhores formas de se adquirir conhecimento que há. 

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Eu existo, tu existes...



           Em meio a tantas opiniões e utopias, seja sobre a vida, a melhor maneira de ser vivida, como o vizinho deve viver, como a política deve ser... Pergunto: como eu existo para você?
         Como você existe? Essa é a natureza humanista. Ter um significado para o outro é o que queremos. Sermos sujeitos de opinião é no mínimo magnífico para existir. Dessa forma, escolha um lado, seja feliz com esse grupo de opiniões, e mesmo que não concorde totalmente com ele, aceite a opinião dele como sua, ou até mesmo, mude seus princípios para acabar aceitando.
        Grande perigo da significação. O nosso valor se encontra na relação que estabelecemos entre as realidades, e isso muitas vezes, engana quem realmente somos. Segue assim, o conceito de subjetividade: somos seres voláteis, passíveis a mudanças e a transformações. Mudanças de opiniões! - E bendito aquele que mantém sempre a mesma opinião e não cai nas armadilhas do inconsciente coletivo - , ao qual, nos perdemos de quem realmente somos para sermos o que os outros querem que sejamos. 
        Sendo assim, agora eu prefiro ser e reconhecer, mesmo que seja inevitável aparecer, ao invés de virar mais uma metamorfose ambulante da existência do outro.  

Maiara - 29/10/2014 -

terça-feira, 26 de agosto de 2014

O vazio





Resenha Crítica
Título: Bauman e a sociedade consumista.

           A palestra realizada na Universidade Univille, no dia 06 de agosto de 2014, com o professor de Teorias da Comunicação, doutor José Isaías Venera e a professora do Mestrado em História, doutora Raquel Alvarenga Sena Venera, se baseou no livro “Vida para consumo” do escritor Zigmunt Bauman, abordando comparativos na sociedade atual, entre profissões, o capitalismo e como ele mudou desde os tempos modernos até os atuais, na pós-modernidade.
          O “trabalho” ou a “força de trabalho” que Karl Marx discutiu, teve reflexões referentes ao trabalho realizado por uma garota de programa com o de qualquer outra profissão “menos denegrida socialmente”. O que puseram em discussão que, qualquer trabalho realizado terá a mesma força empregada, ou seja, a mesma doação do corpo do profissional para realizar alguma atividade. Nesse sentido, só é observada a parte física em si, mas claro, como toda moral social, há diferentes hierarquias em relação ao trabalho. Que, por mais que se diga que comparar profissões é enaltecer o preconceito, já é do ser humano ser preconceituoso, e esta, é uma constante luta nas relações.
          Bauman diz que, na Modernidade, a sociedade era definida como sociedade de produtores, já que os resquícios da Revolução Industrial ainda estavam em alta.  E, com o aumento das produções em série, a Pós-Modernidade se tornou sociedade de consumidores, em que foi descoberto que, apresentar uma imagem positiva de um produto em anúncios ao público, transmite emoções e o desejo de consumir. Nesse sentido, Bauman define a passagem de consumo para o consumismo: “É quando ‘nossa capacidade de querer, desejar, ansiar e particularmente de experimentar tais emoções repetidas vezes de fato passou a sustentar a economia’ do convívio humano.”.
          Dessa maneira, o consumismo nada mais é do que um meio de preencher o vazio que as pessoas sentem. Uma forma de autopremiação instantânea que, se não for bem controlada, gera inúmeros descontroles ao sujeito que aplica esse “arranjo social” como forma de resolução de seus problemas. 

Acadêmica: Maiara C. Cabral 

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Alguém

         






      Várias pessoas casadas há mais tempo me dizem com frequência: "Amo meu marido/ esposa, mas somos totalmente diferentes, às vezes não o (a) aguento mais e dá vontade de colocar um fim em tudo." E fico imaginando o quanto é triste elas estarem casadas há tantos anos e chegarem a essa conclusão...
     Talvez elas não encontraram alguém totalmente compatível, penso eu. Simplesmente acharam uma pessoa legal para apresentar à família, ou mesmo que as faziam rir. Casaram, tiveram filhos e juraram que iriam ser felizes para sempre, apesar dos pesares - porque todo mundo sabe quando alguém, lá no fundo, não é aquele alguém. Aquele com quem temos vontade de contar cada novidade, aquele com quem podemos ficar chateados, mas a pena de estragar essa cumplicidade por um momento é tão grande, que se deixa para lá. Aquele que engordamos juntos, mas também juramos que iremos emagrecer, afinal, metas fazem parte do relacionamento também. E aquele que aceita sermos como somos, não nos faz mudar, não critica todas as nossas manias, mas compreende que isso faz parte de nós, das nossa subjetividade e de uma história que tivemos antes de ele surgir. Sendo que, compreendemos essas particularidades nesse alguém também.
         Mas nada disso é possível se as virtudes do casal não são compatíveis. Não basta gostarem das mesmas coisas, seus princípios de vida devem se alinhar. Pois, do que adianta gostarem de rock ‘n’ roll, se um curte apenas como um hobby e o outro de viver a vida louca à la um rock star, por exemplo? É uma questão de princípios, com certeza. De maturidade e percepção. Sabemos o que queremos ser e conquistar, e se o companheiro não proporciona a liberdade para podermos realizar nossos sonhos, certamente, essa pessoa não é a “the one”.